terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Homem Diante da Morte

Tai uma reflexão que há doze anos tenho refletido, estudado com afinco em todos os nives, filosoficos, biologias, teologicos quando busquei responder para mim mesmo qual o sentido que vou dá á propria morte? Sintetizando: o sentido da propria morte nada mais é do que voce dá á própria vida. E se no texto abaixo é pela ciencias que se vai vencendo a morte, vencendo doenças etc, no meu olhar pela filosofia, o ser humano só vence realmente a morte, ao vencer a si mesmo, vencer a si mesmo é exatmente entrar em suas aguas mais profundas, conhecendo a ti mesmo, como diz dom Herder rompendo seu s desafios,suas fronteiras que no caminho esta atendo ás setas mudanças sem mudar a si mesmo, ou seja, o alicerce de rocha que contruiu consigo mesmo.
Por isto diz, principalmente ao meus filhos, como minha vida foi aqui e agora plena, encantadora, transcendental, aqui mesmo venci a morte que é e será também encantadora, mas não como ruptura, mas sim como um encontro consigo mesmo.


O HOMEM DIANTE DA MORTE: RITOS E MENTALIDADE.SOMOS TODOS CAVEIRAS DO BOPE
Janaína Botelho

Pode causar estranheza, mas muitas vezes os historiadores se valem de fontes que o senso comum pode até considerar bizarro, mas que fornecem ao pesquisador material suficiente para se reconstituir as relações familiares, as mentalidades, as visões de mundo, o comportamento, entre outras. Assim o fez o historiador francês Philippe Ariès em dois volumes de sua obra, “O H omem perante a Morte”, um clássico no tema. No Brasil, “A Morte e os Mortos na Sociedade Brasileira” é um livro interessantíssimo organizado por José de Souza Martins e igualmente “A Morte é uma Festa”, por João José Reis. A morte vem sendo historicizada dando importante contribuição à história das mentalidades. Chamou-me a atenção o emblema do BOPE em uma visita que fiz àquela instituição, em outubro desse ano, com meus alunos de História do Direito Brasileiro da Candido Mendes. O símbolo do BOPE, uma caveira com uma faca verticalmente encravada no crânio e duas pistolas transversas foi apropriado de um esquadrão inglês da SegundaGuerra Mundial, que tinha como missão sabotar as bases nazistas na França ocupada. Essa alegoria significa VENCER A MORTE. Não é necessário esclarecer aqui o risco diário de suas vidas a que esses homens estão sujeitos em suas atividades cotidian as. Em 2007, um membro do BOPE foi baleado logo depois de sair do blindado numa incursão em uma comunidade no Rio de Janeiro. Em entrevista a um jornal, assim declarou: “...Eram 23h quando avistamos um grupo.
Trocamos tiros e eles entraram no beco. Demos a volta e desembarcamos para ver se tínhamos acertado alguém. Entramos no beco escuro e eu puxei a ponta [foi na frente]. Quando virei a esquina, estava a dois passos do cara[traficante]. Como estava escuro, só vi a boca de fogo
da arma dele. Levei dois tiros na barriga. Uma passou a um centímetro do rim. Pensei que ia morrer. Continuei trocando tiros. Travou a arma e fui para um abrigo. Um tiro pegou no carregador e ficou no colete. Dois tiros acertaram o meu fuzil, um bateu na câmara de gás e outra na janela de injeção. Foi minha vitória sobre a morte.” Apesar de dois tiros que o atingiu, ele sobreviveu e está novamente na ativa. Por isso, gritam sempre: CAVEIRA!

Como disse antes, a “vitória sobre a morte” é representada pela alegoria da caveira com uma faca encravada sobre o crânio. Mas é possível uma vitória sobre a morte? Desde que a medicina evoluiu é plausível que o homem contemporâneo tenha tal pensamento, o que era absolutamente inconcebível para o homem oitocentista(sec.XIX), época em que medicina ainda dava os primeiros passos. Diante da morte, só lhes restava a resignação, a contrição, o resguardo e principalmente a humildade. No século XIX, quando a medicina nada mais podia fazer no padecimento da doença, quando se vai perdendo o vigor e azougam as forças, os poderosos homens de outrora, senhores de escravos e ricos proprietários, tornam-se humildes diante dos últimos sacramentos. Numa contrição religiosa e desprendidos de tudo que é profano, aprestam-se a comparecer súplices, humildes e caridosos pe rante o Juiz Divino. Nesse momento, alguns se vestem com indumentárias de ordens religiosas, outros libertam escravos ou pedem mortalhas simples. D. Pedro I, homem autoritário, morreu tuberculoso aos 35 anos de idade em 1834. No seu leito de morte em Portugal, pediu que no seu enterro não houvesse exéquias reais, como determinava o protocolo. Queria ser enterrado em caixão de madeira simples, como um soldado. Já a sua amante, a biscaia Marquesa de Santos, falecida em 1867, encomendou 70 missas: 50 pela sua própria alma e em um gesto de humildade hipócrita característica das elites da época nessas ocasiões, pediu 20 missas para seus escravos mortos. Elias Antonio de Moraes, o Barão de Duas Barras(1840-1928) por ocasião de sua morte é colocado como um benemérito por ter auxiliado na educação de “moços desfavorecidos” que depois alcançaram posição de relevo na sociedade. Na hora da morte, de senhor de escravo passa a “pai dos pobres”. O Barão de Nova
Friburgo(1795-1869) igualmente pediu ritos simples, por ocasião de sua morte, nos informa Luiz Fernando Folly no livro “Barão de Nova Friburgo”. O barão solicitou ser envolto em um pano preto, colocado em caixão simples e enterrado em cova rasa, simbolizando nesse rito o desapego às coisas materiais. Tanto o Barão de Nova Friburgo quanto o de Duas Barras, no derradeiro momento de suas vidas, trocam o açoite do “bacalhau” que tanto rasgou os corpos de seus escravos, pelo cajado e o báculo dos humildes. Imaginam que os ritos simples na hora da morte os tornam sublimes e apagam seu passado onde amealharam fortuna às custas do sofrimento humano, a escravidão. Passados pouco mais de um século, é interessante comparar essas duas
visões de mundo do homem perante a morte: a das elites oitocentistas e a do soldado do BOPE. Dos primeiros a resignação, a contrição e a humildade. Do segundo, a luta, o desafio e o triunfo. Nessa ambivalência do pensamento humano podemos perceber uma mudança de mentalidade que coloca um fosso profundo ditada pela linha do tempo entre esses dois estágios da história da humanidade. Muda-se o pensamento diante da morte que pode ser vencida pelo homem contemporâneo, sendo a medicina um fator determinante. Atualmente, doenças como a tuberculose, o câncer e a AIDS não são mais sentenças de morte, começa-se a acreditar. Consequentemente, já que podemos vencer a morte, pode-se afirmar, por analogia a alegoria do BOPE, que somos todos CAVEIRAS!

É interessante as representações sobre a morte. No século XIX , era comum as pessoas da elite fotografarem seus familiares mortos antes de os enterrarem, em situações do seu cotidiano. Alguns até já apresentavam o rigor mortis. Muitas vezes os familiares vivos participavam dessas fotos com os mortos. A simulação era tão perfeita, que abaixo, mal percebemos na foto qual das mocinhas é a morta. Provavelmente é que se encontra sentada.

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